terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Profissão DJ



Um Disc Jockey (DJ, ou Dee Jay) é um artista profissional que seleciona e roda as mais diferentes músicas previamente gravadas para um determinado público alvo, trabalhando seu conteúdo e diversificando seu trabalho em pistas de dança de Bailes, clubes, boates e danceterias.

O termo Disc Jockey foi primeiramente utilizado para descrever anunciantes de rádio que introduziam e tocavam discos de gramofone. O nome foi logo encurtado para DJ. Hoje, diante dos numerosos fatores envolvidos, incluindo a música escolhida, o tipo de público alvo, a lista de performance, o meio e o desenvolvimento da manipulação do som, há diferentes tipos de DJ’s, sendo que nem todos usam na verdade discos, alguns podem tocar com cds, outros com Lap-Top ou Notebooks (Processadores Digitais) e Softwares, como Traktor Final Scratch, Virtual DJ, Serato Scratch Live e DJ Decks, entre outros meios. Há também aqueles que mixam sons e vídeos, mesclando seu conteúdo ao trabalho desenvolvido no momento da apresentação musical.



Para formar um bom dj, são necessárias muito mais informações do que simplesmente operar os equipamentos. É necessário saber, por exemplo, questões técnicas como freqüência (hz), decibel(db), definir os estilos musicais com facilidade, e muitas outras informações.

Para os DJs de salsa, o que conta bastante para uma boa mixagem é o conhecimento da “música salsa”. Uma timba, por exemplo, não ficaria bem sincronizada com um mambo típico. Se o DJ quer fazer com que uma música se encaixe em outra sem que os dançarinos parem de dançar, ele precisa colocá-la na mesma batida, fazendo com que os dançarinos não “percam o pé” na pista. Com esse conhecimento, um DJ de salsa pode se sair muito bem nas casas noturnas. DJs que atuaram até o meio da década de 90 utilizavam apenas discos de vinil em suas apresentações. Em que pese o fato de já existirem cds (compact discs) antes disso, não haviam equipamentos que permitissem o sincronismo da música entrante com a música em execução (ajuste do pitch para posterior mixagem).



Dificilmente você vai encontrar um DJ de ritmos latinos que saiba trabalhar com discos de vinil, já que a maior parte do material está em cds. No Brasil não temos acesso a compra de cds originais, portanto, a maior parte usa cds gravados ou Lap-Tops com mp3.

A forma como esta ação de mixagem é realizada, aliás, é o principal diferencial entre os profissionais desta área.

Um DJ tem a percepção musical de saber quais músicas possuem velocidades (em BPM - batidas por minuto) próximas ou iguais, de forma que uma alteração em um ou dois por cento da velocidade permite com que o compasso das mesmas seja sincronizado e mixado, e o público não consiga notar que uma música está acabando e outra está iniciando, pois as duas músicas estão no mesmo ritmo, métrica e velocidade.

Os DJs das décadas de 80 e 90 sincronizavam a música mixada (entrante) regulando a velocidade do prato do toca-disco, com o cuidado de fazer com que a agulha não escapasse do sulco do vinil (que na prática faz com que a música “pule”) e também com que o timbre da voz da música não ficasse, por demais, alterada com a velocidade muito alta ou muito baixa do prato. Esta alteração da velocidade era possível em toca-discos que possuem o botão chamado PITCH. O toca-disco mais famoso, nesta época, era o Technics modelo SL-1200 MK-2, que até hoje é vendido e procurado por profissionais e amantes do vinil.


Após a popularização do CD, fabricantes como Pioneer, Technics e Numark desenvolveram aparelhos do tipo CD player com recursos próprios para DJ. Conhecidos como CDJs, possuem botões especiais para alteração de BPM (PITCH), de retorno da faixa, de marcação de ponto (CUE), e looping. O timbre da música passou a ser controlado (opcionalmente) por um acionador específico, normalmente conhecido como Master Tempo. Com este recurso, mesmo que a música esteja extremamente acelerada (ou desacelerada), o timbre da voz, teclados, guitarras etc. é mantido, driblando de certa forma a capacidade de percepção do público, em notar que determinada música está tocando em velocidade diferente da normal. Além disso, não há mais o risco de o disco pular, apesar de o cuidado em se limpar as mídias de cd ser o mesmo, pois uma mancha em uma mídia óptica pode prejudicar e até interromper a música em execução.

Outra facilidade destes equipamentos é marcar o ponto de início da música. Assim, um DJ com um simples toque no botão pode retornar ao ponto de partida poucos segundos antes de mixar a música sobre a que está sendo executada.

Os diversos recursos citados acima para mixagem são pouco usados pelos DJs de salsa. Para o dançarino de salão, o mais importante é que a música não possua muitos breaks e que o pitch não seja alterado. Por conta disso, quase sempre a música é tocada na íntegra, sendo mixada no final. A troca na “batida” também é pouco usada, já que força o dançarino a não parar de dançar. Essas particularidades fazem com que os DJs de salsa tenham estilos bem diferenciados. Eu, particularmente, já vi vários estilos e me encaixei no que mais me agrada como DANÇARINO, ou seja, eu toco pensando na reação que o dançarino tem na pista.

Atente-se aqui para o fato de que, além do talento musical obrigatório a um DJ, em se conhecer aproximadamente os BPMs das músicas que ele pretende mixar durante sua apresentação, o mesmo também deve conhecer onde, quando e se uma música ou determinada versão desta possui uma região (geralmente sem vocal, com batidas secas e pouco ou nenhum aparecimento de guitarras e teclados) popularmente conhecida como BREAK, onde é possível entrar a próxima música sem que o resultado fique confuso (com dois vocais de músicas diferentes “falando” ao mesmo tempo, por exemplo). Este capricho é obrigatório para profissionais que fazem mixagens ao vivo, tanto com vinil quanto com cds (ou ambos).

As versões das músicas que um DJ utiliza não são, geralmente, as mesmas versões que normalmente se ouve em vídeos-clipe ou estações de rádio. Para cada nova música que é lançada no mercado, desde a década de 70, a gravadora lança um disco (ou cd) específico, denominado SINGLE, para aquela canção. No caso do vinil, um single também pode ser conhecido como 12 (doze) polegadas. Em cd, este é conhecido como 5 (cinco) polegadas. Um single é um disco ou cd que possui uma mesma música em várias versões, produzidas especialmente para mixagens ou amantes de versões alternativas. Enquanto uma versão normal de música possui normalmente de 3 a 4 minutos de duração, uma versão de single pode durar até 15 minutos, com grandes introduções, breaks, edições, reprises de vocal etc. Estas versões alteradas também são conhecidas como REMIXES, versões 12, versões club, versões estendidas (extended) etc. Um single também pode conter versões instrumentais e acapela (apenas voz) da música. Enquanto um álbum de coletânea de determinado artista pode possuir um nome qualquer, um single sempre tem o nome da música que nele está gravada, mesmo que o disco tenha apenas uma versão da música que o nomeia.
Na música salsa, temos algumas canções muito conhecidas do público em diferentes versões. A regravação de sucessos das décadas passadas é muito usada pelos novos e antigos artistas da salsa. Logo, quanto mais conhecida e mais diferenciada é a versão da música, mais o público se interessa pelo som. É nessa área que um DJ de salsa precisa se informar. Quanto maior o conhecimento musical, maior as chances de agradar um público de dançarinos, baladeiros ou mesmo amantes de ritmos latinos. Sendo assim, o DJ de salsa precisa conhecer os novos e os velhos artistas para lançar HITS e assim, agradar com mais certeza o público. A internet tem sites de DJs que colocam suas “Top Lists” e por isso não é difícil ficar sabendo o que se toca em Puerto Rico, New York ou na Colômbia.

Já no fim do século XX, com a popularização do formato (mp3) para músicas digitais, de programas de compartilhamento como o Napster e o surgimento de programas de edição musical, com capacidade de alterar a velocidade das músicas, surgiu uma nova casta de editores musicais auto-denominados DJs. Apesar de estes possuírem, as vezes, até certo talento para música, pois precisam alterar uma faixa para mixar na anterior, tem seu trabalho extremamente facilitado e, portanto, não são bem vistos por profissionais que executam seu trabalho ao vivo em clubes, casas, discotecas, eventos etc.

A mixagem em computador é feita de forma caseira, e não há o julgamento do público ao trabalho sendo feito ao vivo. O que o público irá ouvir é uma mixagem feita em estúdio e já gravada. Caso uma música seja alterada e mixada com a anterior, mas o resultado não seja o esperado pelo editor (timbres, batidas ou compassos dessincronizados, por exemplo), a ação de mixagem pode ser desfeita e refeita quantas vezes forem necessárias. Assim, o resultado final é uma mixagem tão perfeita quanto artificial.

Porém, grandes DJs também fazem uso destes programas para criação de edições, de sequências de múltiplas músicas denominadas megamixes, de participações de curta duração em programas de rádio e até mesmo de novas versões de uma música, que não existam em seus respectivos singles.

Infelizmente os DJs de salsa no Brasil estão se tornando grandes especialistas em computador. Dessa ironia chegamos a conclusão que as casas noturnas por terem públicos que não procuram música específica acabam alavancando o “DJ de computador”. As músicas se repetem na mesma ordem em todas as noites. Isso é bom para pessoas que vão de vez em quando numa casa noturna, mas para o cliente que frequenta todas as semanas é simplesmente desanimador. A facilidade de estar com um computador deveria fazer com que o DJ tenha mais opções de músicas, já que com um clique ele poderá mudar a ordem do seu Set List. Concluímos que há diferentes públicos na salsa, mas que não justifica esse ato de “desleixo” com o público fiel ao ritmo.

O DJ é, no fim das contas, um animador de eventos. Este deve conhecer músicas suficiente para saber como e quando mixá-las, deve sentir a vibração do público que o está ouvindo, e saber mudar um estilo na hora certa, para que a pista não esvazie. Deve ser o mais eclético possível, ou deixar bastante claro ao seu público e ao seu contratante qual é seu estilo ou tendência.

Para a salsa, existem vários estilos de DJs. O primeiro é aquele que toca para os dançarinos (me encaixo nesse estilo). Esse estilo geralmente é seguido por DJs que também dançam salsa e portanto conhecem bem a reação do seu público alvo. O segundo é o famoso “toca tudo”. Esse é o profissional mais requisitado nas baladas de salsa do Brasil, já que ele toca todos os ritmos latinos e portanto não tem especialidade em nenhum deles. Dentro desses dois estilos temos milhares de particularidades, podendo definir dentro deles muitos outros estilos. Não podemos deixar de enfatizar que um bom DJ de ritmos latinos precisa no mínimo ter noções básicas de breaks e pitch, pois irá precisar disso para fazer mixagens “na batida” quando a música pedir. O melhor exemplo para isso é o Reggaeton e o Zouk que são tocados nas baladas.

Para se ter uma ideia do quanto é difícil discotecar com vinil, seguem alguns vídeos de performances de Scratch que, nesse caso, significa “arranhar”. É produzido pelo contato da agulha no disco através da manipulação que é feita pelo DJ.

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